A arte jamais será ensinada. Arte é fricção e violência.
implantar LUGARES de VIDA COMUNITÁRIOS e produzir uma subjetividade que auto-enriqueça sua relação com o mundo.
Poesia:
acontecer do Ser
na manobra de materializar
o indizível
Poesia é fazer poesia. Não revelação nem desocultação.
E milagres acontecem. Como o único ato possível no horizonte do real.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
roubos
1.
entrar em estado de palavra - ou certa "fatalidade inaugurada". Correr no aberto do rio, sem alternar correntezas. Pela palavra, o inexpresso. Adivinhar, divinação.
entrar em estado de palavra - ou certa "fatalidade inaugurada". Correr no aberto do rio, sem alternar correntezas. Pela palavra, o inexpresso. Adivinhar, divinação.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Instantes que cabem ou caem
Metáfora: Golpes espessos em vasos de barro. Eis a nova argila. Úmida lembrança de um crime perfeito. Cresce a vestimenta, roupa do espírito. Carne do imaterial. Jamais falsificar o medo.
Todas as laranjas cortadas sobre a mesa.
E eu, a descascar maçãs antes que o filme acabe.
Monolito: ovo apertado na mão. Gelado que escorre pelo canto de dentro do braço. Grade atravessada na garganta. Quadrado preto no meio da sala. O mesmo de antes, o mesmo que nunca vi.
Feito: costura de retalhos. Chão sujo de fiapos, retirar o que não é composição. Som de corte na mesa, risca de giz, alinhavar e soltar. Partir em carreira, marca do café sob o papel.
Qual o instrumento, qual o instrumento que acontece uma mulher ? Ser, até na dobra dos joelhos. Até aonde o peito voa. Ser, na mesa pequena, toalha quadriculada, no pote de manteiga, faca equilibrada e saco de pão amassado. Colecionar tentáculos. Afiar o corte da manhã. Ser, para reagir, mesmo a um custo,
Até traçar a rota e amassar as uvas:
35 doses de rum, Claire Dennis
Pai e filha, Yasujiro Ozu
Nikita, Luc Bresson
O profeta, Jacques Audiard
White material, Claire Dennis
Até estancar o fim.
Casa no meio do mato, próximo à ladeira das águas. Árvore de raiz grossa ao lado, canteiros esparsos, pedra encostada na parede branca. Sinal de terra vermelha que alcança os joelhos. Lá dentro uma fêmea, que toda chuva encarnava. Dançava no centro da sala, até trocar calor com o chão. Era a chuva do gesto. Pedido de transe. Corpo de cessar o desastre. Até o fim, até a última gota, até repousar quente na cama de palha.
Lá fora, o telhado ainda escorria alguns pingos,
E ela descansa, no eco que jamais se esgota.
Lá fora, o telhado ainda escorria alguns pingos,
E ela descansa, no eco que jamais se esgota.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Intantes de mim ou palavras que me cabem ou caem
Poesia: há um momento em que a vida tem um sentido insuportável: um estado de profundo excesso. O corpo ocupa o seu lugar e o campo continua guardando o sol e a noite. Lucidez depois da chuva, engrenagem nova, ligação inesperada e clara. Certa vez ganhei uma caixinha pequena com uma jóia dentro. Aquela imagem de que se guarda algo a mais do que ela mesma e por isso adquire seu último estado de beleza não me sai da cabeça. Saber que se guarda algo a mais e, no entanto, trazer em si a sobra, que se desdobra porque contém. Sobra: palavra de poesia. Estado poético e poesia: ocupação dos cantos da casa, da palavra e do corpo. Busca de pontos cegos, comprometimento com o que se vê depois da visita da verdade. Condensação, convite ao desdobramento. É sagrado porque é intermitente, entra e sai quando quer. Último passo para a fusão total, ultimo momento antes de descer rio abaixo. Aqui não habita a análise combinatória ou a arrumação de dados. Fundação. Fundição, Casa de Solda. Amálgama. Corpo gasto em outro corpo gasto. Guardião de um único sim.
Última cena do filme A Partida: escrever poesia é aquele momento exato de poder dizer: eu posso, eu posso preparar o enterro do meu próprio pai, preparei-me a vida toda para isso.
Na costura dos silêncios, recebe-se a missão de ser poeta.
Aceita-se ou não.
“tenho sido convocada
a escrever para homem só
aquele que fia as bordas do guardanapo
e guarda-os em sua gaveta
costurando dentro
a força de ser excesso”
Crença: entre crer ou não crer prefiro o Sim. Na memória do corpo o estado de ritual, o estado de sincronicidade sem ruídos. Basta o olhar encarnado que os objetos começam a falar. Seres de ver, antever, prever. Sustentar a premonição é pesado e sem fim. Geralda era benzedeira, tirava o quebranto com uma folha de arruda e fumava escondido. Raimunda era religiosa, construía pássaros e borboletas de papel para prender na gaiola. Basta um pouco de pó e sol seco. Ter a experiência de crer no corpo: detectar aonde é discurso e aonde é real. Dar banho num homem cego, velho, negro e doente, carrega-lo nos braços, entrar em sua casa à noite sem bater, não duvidar do que deve ser feito. Sujar as mãos com a vida.
Partilha real: dar adeus às teias de aranha, asas de galinha, labirintos e espelhos. Engolir a seco o escorregadio do Outro. Leitor de gravidades. Inaugurar o evento antes de nascer. Aguardar a fala profética mesmo quando a conversa não há. Pregar-se na parede, descer do muro. Não deixar ninguém no silêncio, ninguém que lá não gostaria de estar.
Potência: ousar aumentar de tamanho, sem piedade.
Olhar: não cuidar dos joelhos enquanto é o pé que está doendo. Cheirar o sangue antes que coagule.
Até o fim: não há santos, gênios nem mestres. Há homens santos, homens gênios e homens mestres. Mãos grossas de enfiar a semente em terra dura.
Devoção: construir uma estante com livros de religião ao lado dos tiroteios no deserto. Espantar a oblação. O aberto é mais do que folhas ao vento. Nada pode o guardador de sementes.
Tensão: buscar a fala do chão. Cavar o poço de uma água nova. Ver os poros se abrindo no pano de chão esgarçado. Fomentar o fogo ardente nos ossos. Cada ato bem cavado tem um ritmo, uma febre, um ponto que ressoa. Vida no talo: corpo ereto.
Métis: desejo solto na pele. O último ato. Mudar todos os ossículos do corpo. Descaminhar. Esticar a espiral. Não há outro modo de aproximar-se dela: lugar de habitar. Aqui o vento bate e transfigura-se. Esticamos o ser na próxima esquina. Fábrica de mel.
Policia do pensamento: quando o medo apaga a página, sacos de cimento pedem a voz.
Acídia: os homens padres da época medieval bebiam na hora do almoço e dormiam a tarde toda, noite adentro. Jeito simples de explicar a canseira do espírito. Vicio e seqüestro de si. Falimento, fé e alimento. Um comer por dentro.
Priapismo: colocar um lençol na janela. Escurecer o clarão do trigo. Dobrar-se como muda nova ao sol e renascer à noite, seta nas mãos do arqueiro.
Bancar: descobrir as plantas medicinais por entre o jorro das pernas. Tocar o impróprio a cada raio do eterno.
Ruminação: um extenso campo de grama e dentes que não podem caçar. Ruminar o pensamento e ficar às voltas com a superfície. Todo sonho é ato, mordida e corte.
Viveremos para sempre de um modo doméstico?
Laranjeira, pés de mamão e tomates: eu Vos nomeio.
Última cena do filme A Partida: escrever poesia é aquele momento exato de poder dizer: eu posso, eu posso preparar o enterro do meu próprio pai, preparei-me a vida toda para isso.
Na costura dos silêncios, recebe-se a missão de ser poeta.
Aceita-se ou não.
“tenho sido convocada
a escrever para homem só
aquele que fia as bordas do guardanapo
e guarda-os em sua gaveta
costurando dentro
a força de ser excesso”
Crença: entre crer ou não crer prefiro o Sim. Na memória do corpo o estado de ritual, o estado de sincronicidade sem ruídos. Basta o olhar encarnado que os objetos começam a falar. Seres de ver, antever, prever. Sustentar a premonição é pesado e sem fim. Geralda era benzedeira, tirava o quebranto com uma folha de arruda e fumava escondido. Raimunda era religiosa, construía pássaros e borboletas de papel para prender na gaiola. Basta um pouco de pó e sol seco. Ter a experiência de crer no corpo: detectar aonde é discurso e aonde é real. Dar banho num homem cego, velho, negro e doente, carrega-lo nos braços, entrar em sua casa à noite sem bater, não duvidar do que deve ser feito. Sujar as mãos com a vida.
Partilha real: dar adeus às teias de aranha, asas de galinha, labirintos e espelhos. Engolir a seco o escorregadio do Outro. Leitor de gravidades. Inaugurar o evento antes de nascer. Aguardar a fala profética mesmo quando a conversa não há. Pregar-se na parede, descer do muro. Não deixar ninguém no silêncio, ninguém que lá não gostaria de estar.
Potência: ousar aumentar de tamanho, sem piedade.
Olhar: não cuidar dos joelhos enquanto é o pé que está doendo. Cheirar o sangue antes que coagule.
Até o fim: não há santos, gênios nem mestres. Há homens santos, homens gênios e homens mestres. Mãos grossas de enfiar a semente em terra dura.
Devoção: construir uma estante com livros de religião ao lado dos tiroteios no deserto. Espantar a oblação. O aberto é mais do que folhas ao vento. Nada pode o guardador de sementes.
Tensão: buscar a fala do chão. Cavar o poço de uma água nova. Ver os poros se abrindo no pano de chão esgarçado. Fomentar o fogo ardente nos ossos. Cada ato bem cavado tem um ritmo, uma febre, um ponto que ressoa. Vida no talo: corpo ereto.
Métis: desejo solto na pele. O último ato. Mudar todos os ossículos do corpo. Descaminhar. Esticar a espiral. Não há outro modo de aproximar-se dela: lugar de habitar. Aqui o vento bate e transfigura-se. Esticamos o ser na próxima esquina. Fábrica de mel.
Policia do pensamento: quando o medo apaga a página, sacos de cimento pedem a voz.
Acídia: os homens padres da época medieval bebiam na hora do almoço e dormiam a tarde toda, noite adentro. Jeito simples de explicar a canseira do espírito. Vicio e seqüestro de si. Falimento, fé e alimento. Um comer por dentro.
Priapismo: colocar um lençol na janela. Escurecer o clarão do trigo. Dobrar-se como muda nova ao sol e renascer à noite, seta nas mãos do arqueiro.
Bancar: descobrir as plantas medicinais por entre o jorro das pernas. Tocar o impróprio a cada raio do eterno.
Ruminação: um extenso campo de grama e dentes que não podem caçar. Ruminar o pensamento e ficar às voltas com a superfície. Todo sonho é ato, mordida e corte.
Viveremos para sempre de um modo doméstico?
Laranjeira, pés de mamão e tomates: eu Vos nomeio.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
sábado, 16 de outubro de 2010
Mais Octavio Paz
"A poesia, segundo Lautréamont, deve ser repartida entre todos. Eu cometi a ingenuidade, quando era jovem, de acreditar que a poesia era aceita por todos. Eu creio que a poesia nasce sempre no indivíduo. Mas creio que a poesia sempre tem sido compartilhada por todos. Também creio profundamente, que todos os homens, também as mulheres, em algum momento de suas vidas, são poetas, por exemplo, na infância, quando se namora ou quando se tem um sentimento da morte."
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
domingo, 5 de setembro de 2010
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
terça-feira, 17 de agosto de 2010
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
era preciso já ter acontecido
ou, ao menos, saber-se grande
no canto interno do Homem
não convém deixar de caminhar
por entre os pulmões
ou prometer-se
a um passo do rosto da encarnação, é preciso
gemer diante do Outro
já ter acontecido
e saber-se milagre
no hiato do desejo
e atar a corda
entre a cova e a palma da mão
ou, ao menos, saber-se grande
no canto interno do Homem
não convém deixar de caminhar
por entre os pulmões
ou prometer-se
a um passo do rosto da encarnação, é preciso
gemer diante do Outro
já ter acontecido
e saber-se milagre
no hiato do desejo
e atar a corda
entre a cova e a palma da mão
terça-feira, 3 de agosto de 2010
conversa com Karl Kraus
onde desejam o corpo, procuro o espírito
onde procuram o espírito, quero o corpo
onde procuram o espírito, quero o corpo
terça-feira, 27 de julho de 2010
sexta-feira, 23 de julho de 2010
a gaveta, um metrônomo
maleta com recibos
diapasão
óculos quebrados, caixinhas de guardar
lupa
tecla de máquina de escrever
corda de violão
bolsa de guardar documentos, feche enferrujado
fusível
caneta sem tampa, pilhas soltas
chaveiro com canivete
separador de moedas, pequenas lanternas
cortador de unha, nivelador
faca
selos perdidos, pregos dobrados
óleo de máquina
grafite em pó
ratoeira desativada
solda
fita de torneira, braçadeira
cola seca, dinheiro antigo:
e o molusco atravessa a ponte
maleta com recibos
diapasão
óculos quebrados, caixinhas de guardar
lupa
tecla de máquina de escrever
corda de violão
bolsa de guardar documentos, feche enferrujado
fusível
caneta sem tampa, pilhas soltas
chaveiro com canivete
separador de moedas, pequenas lanternas
cortador de unha, nivelador
faca
selos perdidos, pregos dobrados
óleo de máquina
grafite em pó
ratoeira desativada
solda
fita de torneira, braçadeira
cola seca, dinheiro antigo:
e o molusco atravessa a ponte
terça-feira, 20 de julho de 2010
se a primeira dobra da esquina te chamar
e de lá aceitares partir de um porto ao outro, junto ao vento que se desenha no chão
e confiares teu corpo às figueiras altas de densas palavras,
verás que haverá luz para um olhar e uma parede branca para fazer o Vazio
como se tua presença pedisse um som. A tua presença plena que ouve.
e de lá aceitares partir de um porto ao outro, junto ao vento que se desenha no chão
e confiares teu corpo às figueiras altas de densas palavras,
verás que haverá luz para um olhar e uma parede branca para fazer o Vazio
como se tua presença pedisse um som. A tua presença plena que ouve.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
terça-feira, 6 de julho de 2010
domingo, 4 de julho de 2010
sábado, 3 de julho de 2010
o poeta
Como um cão, corre-lhes os domínios, detendo-se aqui e acolá; arbitrário em aparências e, no entanto, incansável; sensível aos assombros do superior, mas nem sempre: pronto para ser instigado, mas difícil de ser contido, é impelido por uma depravação inexplicável: em tudo mete o focinho úmido, nada deixando de lado; volta atrás, recomeça: é insaciável; de resto, come e dorme, mas não é isso que o distingue dos demais, e sim a inquietante obstinação em seu vício- esse gozo interior e minucioso, interrompido pelas corridas; assim como nunca se sacia com o que tem, também nunca o obtém rápido o bastante. Dir-se-ia mesmo que aprendeu a correr apenas para satisfazer o vício de seu focinho. p. 16. Elias Canetti, A Consciência das Palavras.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
quarta-feira, 30 de junho de 2010
ventania notívaga
passa ao largo do sono opaco
embarcação frágil dilacerando
o brilho do mar:
desce a noite- indecisão
antes de abrir as mãos
há que sentir a incisura
do corpo foragido que reluta
a olhar de perto o espesso ato
do irremediável, que chega em maestria
e convida as velas
a seguir em trilhos
do seco ao sol
passa ao largo do sono opaco
embarcação frágil dilacerando
o brilho do mar:
desce a noite- indecisão
antes de abrir as mãos
há que sentir a incisura
do corpo foragido que reluta
a olhar de perto o espesso ato
do irremediável, que chega em maestria
e convida as velas
a seguir em trilhos
do seco ao sol
terça-feira, 29 de junho de 2010
quarta-feira, 23 de junho de 2010
terça-feira, 15 de junho de 2010
sexta-feira, 11 de junho de 2010
quarta-feira, 9 de junho de 2010
domingo, 6 de junho de 2010
sábado, 5 de junho de 2010
quarta-feira, 19 de maio de 2010
quarta-feira, 12 de maio de 2010
é noite ainda
leremos o evangelho
antes da despedida
vou cair como a chuva
com a folha arrependida
escorrer no assoalho
responder pela expulsão do paraíso
mas vou
fincar no que resta
matar a promessa
ascender o sossego
acordar na metade
vou
voltar à casa da infância
erguer o teto acima da sombra
trazer moedas embaixo da língua
enfeitar de penas o corpo
nenhum incêndio pergunta para onde
eu sei que vou
leremos o evangelho
antes da despedida
vou cair como a chuva
com a folha arrependida
escorrer no assoalho
responder pela expulsão do paraíso
mas vou
fincar no que resta
matar a promessa
ascender o sossego
acordar na metade
vou
voltar à casa da infância
erguer o teto acima da sombra
trazer moedas embaixo da língua
enfeitar de penas o corpo
nenhum incêndio pergunta para onde
eu sei que vou
terça-feira, 11 de maio de 2010
terça-feira, 4 de maio de 2010
As mãos se fecham no mesmo instante em que as coisas jorram. Os pés frios escorregam nas pedras quentes. Por mais que incendeie, a vida é rente. Dente na faca. Anjo atravessado. Morte transportando morte. Até que o vinho renove a explosão da uva. E o trigo cante a aparição do pão. Todo corpo é gota da cura.
E sempre começa.
E sempre começa.
sábado, 1 de maio de 2010
¿Qué es la vocación literaria?
"La vocación es una manía numinosa que se moviliza imantada por una fascinación magnética -mysterium fascinans-, pero que exige a cambio una devoción exclusiva, no compartida, que excluye fáusticamente -mysterium tremens- el amor por cualquier otra cosa en el mundo. Pues en efecto si hay algo claro sobre la vocación es su tendencia al totalitarismo, que practica rapiñando en el interior de su presa para instrumentalizar todos los campos de la subjetividad afectada, pensamientos, experiencias y afectos, devorándolos con voracidad insaciable."
JAVIER GOMÁ LANZÓN
01/05/2010
http://www.elpais.com/articulo/portada/vocacion/literaria/elpepuculbab/20100501elpbabpor_23/Tes
JAVIER GOMÁ LANZÓN
01/05/2010
http://www.elpais.com/articulo/portada/vocacion/literaria/elpepuculbab/20100501elpbabpor_23/Tes
terça-feira, 27 de abril de 2010
Ingeborg Bachmann
Coloca uma palavra
no vale da minha mudez
e planta florestas de ambos os lados,
para que a minha boca
fique toda à sombra.
de Ingeborg Bachmann em "O Tempo Aprazado"
(tradução de João Barrento e Judite Berkemeier)
no vale da minha mudez
e planta florestas de ambos os lados,
para que a minha boca
fique toda à sombra.
de Ingeborg Bachmann em "O Tempo Aprazado"
(tradução de João Barrento e Judite Berkemeier)
domingo, 25 de abril de 2010
terça-feira, 20 de abril de 2010
repousava em seu pé. Era a minha parte da casa
até que as horas me chamavam
então eu partia até o último degrau
e me punha na ponta dos dedos
desprendendo-me no limite da noite
acompanhantes habituais
quase não me mexia
trazia nas mãos
a vontade de recontar uma história
rosto que se iluminava
como o sol descendo a cada salto
eu me renovava em cenário antigo
e tu, que conhecias todos os silêncios da terra,
perguntava-me:
quem dirá que jamais brotará a semente ?
até que as horas me chamavam
então eu partia até o último degrau
e me punha na ponta dos dedos
desprendendo-me no limite da noite
acompanhantes habituais
quase não me mexia
trazia nas mãos
a vontade de recontar uma história
rosto que se iluminava
como o sol descendo a cada salto
eu me renovava em cenário antigo
e tu, que conhecias todos os silêncios da terra,
perguntava-me:
quem dirá que jamais brotará a semente ?
quinta-feira, 15 de abril de 2010
domingo, 4 de abril de 2010
terça-feira, 23 de março de 2010
domingo, 21 de março de 2010
terça-feira, 16 de março de 2010
domingo, 14 de março de 2010
terça-feira, 9 de março de 2010
segunda-feira, 1 de março de 2010
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
nunca havia tocado nesta casca tão fina
e se fosse possível encontrar rios debaixo da pele
qual cor teria o nome do que levita entre nós?
deitei no campo de flores
para ser sombra em tempos de sol
cantemos Glória em altas vozes
enfileirados nas calçadas
enquanto nossas crianças
roubam os tapetes das casas
e costuram as sujeiras
para dormir o perdão
e se fosse possível encontrar rios debaixo da pele
qual cor teria o nome do que levita entre nós?
deitei no campo de flores
para ser sombra em tempos de sol
cantemos Glória em altas vozes
enfileirados nas calçadas
enquanto nossas crianças
roubam os tapetes das casas
e costuram as sujeiras
para dormir o perdão
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
na superfície do rio, o altar
aconselho-me com os sábios habitantes dos canteiros
ao lado destas margens querendo alargar-me
tem um animal que pede aqui dentro
uma gota a mais nesta língua nascente
um horizonte febril
nas palavras difíceis de fazer
é o espelho olhando o sol
é novo o dia
e as elas me usam
num canto peregrino
como centelhas que saltam
sou isca mergulhada na luz
aconselho-me com os sábios habitantes dos canteiros
ao lado destas margens querendo alargar-me
tem um animal que pede aqui dentro
uma gota a mais nesta língua nascente
um horizonte febril
nas palavras difíceis de fazer
é o espelho olhando o sol
é novo o dia
e as elas me usam
num canto peregrino
como centelhas que saltam
sou isca mergulhada na luz
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
sábado, 30 de janeiro de 2010
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
sou o fim da viagem
numa casa de veraneio
não vês que os espaços em branco
cobram silêncio e presença?
eu não comungo da morte
desçam aqui os homens
que plantaram aquelas cruzes
no alto da colina
reconheço minha falta de gosto
não sou mais que os cantos daquela muralha
em cadência ocre, verde e amarelo-negro
mas viveremos para sempre deste modo doméstico?
não amanhã, mas agora
neste Aberto de silêncio e presença
cólera ao meio-dia
desça e ouça
os estalos desta morada nova:
aqui estou.
numa casa de veraneio
não vês que os espaços em branco
cobram silêncio e presença?
eu não comungo da morte
desçam aqui os homens
que plantaram aquelas cruzes
no alto da colina
reconheço minha falta de gosto
não sou mais que os cantos daquela muralha
em cadência ocre, verde e amarelo-negro
mas viveremos para sempre deste modo doméstico?
não amanhã, mas agora
neste Aberto de silêncio e presença
cólera ao meio-dia
desça e ouça
os estalos desta morada nova:
aqui estou.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Zilda Arns
mas como alguém pode estar inteiramente em mim-
eu, que sou tão inacabada?
pra sempre viva,
eu, que sou tão inacabada?
pra sempre viva,
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